Há dias eu estou paralisada. Batendo a cabeça contra as
paredes, vivendo em um tempo que não é no presente nem no futuro. Me adianto em
10, 20, 30 anos. Penso na família que quero ter. Penso na vida que quero
despertar em mim. O presente me cansa, me esgota. Quero acelerar o tempo. Me perco
no passado, na vã ideia de que ele pode ser o melhor presente que posso ter.
Presente.
Meu corpo inteiro dói, até meus dentes. Quero mudar, quero
correr, quero despertar. Mas tudo dói. Estou paralisada, dividida em vários pedaços
aqui e lá. Falta-me o pai, os amigos meus íntimos, falta-me presença. Não estou
presente no presente. Não estou presente aqui, mas não tenho mais pra onde ir.